domingo, 6 de outubro de 2013

A novela que a Tupi não mostrou

MARIA NAZARÉ

Em 1980, mesmo em crise, a Tupi iniciou as gravações de sua nova trama, Maria Nazaré, com Eva Wilma e Carlos Augusto Strazzer como protagonistas. A novela iria ao ar às 8 da noite, em substituição a Como Salvar Meu Casamento. Teixeira Filho escrevia e Carlos Zara deixou a Globo para dirigir Maria Nazaré. A mídia da época chamou a atenção para a nova atração, mas a emissora acabou por suspender todas as suas produções, fechando suas portas em 14 de julho de 1980. Um grande trabalho de pesquisa para a produção da novela foi realizado no Nordeste, por Cleston Teixeira, filho de Teixeira Filho, que colaborava com o pai.
Cleston contou em entrevista exclusiva ao site Tele História que a personagem Maria Nazaré seria uma mistura de Maria Bonita com Joana D'Arc: "Era a história da moça da cidade que vai para o campo em busca de um caminho espiritual e encontra no amor por um líder de um grupo cangaceiro o caminho para exercer com as próprias mãos a justiça divina." Uma cidade cenográfica em Itu (SP) foi construída e algumas cenas chegaram a ser gravadas. Além do trabalho de co-autoria da trama ao lado do pai, Cleston passou boa parte de 1979 viajando pelo Nordeste para pesquisar o tema. "Fui à Bahia, rodei Pernambuco, Ceará, Paraíba, Sergipe e Alagoas rodando com uma Brasília da TV Tupi do Recife, ao lado de um repórter cinematográfico 16 mm e um motorista. Entrevistei cangaceiros, filhos e filhas dele, pesquisadores, tirei centenas de fotos, visite os museus sobre o tema que tinham objetos reais e material criado para os filmes que retratavam o cangaço, entre outras coisas. Tudo isso se transformou num grande relatório que entreguei para o Cyro del Nero [diretor artístico da novela]. Infelizmente, fiquei sabendo depois que todo esse material foi queimado por uma das administrações que tentaram salvar a Tupi", relatou Cleston. "Também começou a preparação de atores com o trabalho de linguagem, sotaque e palavreado do cangaço. Foram produzidas as peças-modelo do figurino para reprodução em grande número, ou seja, aumentaram as dívidas da Tupi, pois tudo ficou no crédito. Era assim que se faziam as produções na emissora." Entre as cenas gravadas durante uma semana estava a invasão da cidade pelo grupo de cangaceiros. "O material gravado seria usado para gerar imagens que a emissora usaria na abertura e divulgação da novela", finalizou Cleston Teixeira. A história nunca chegou a ser utilizada na televisão.Tupi 1980 novela de Teixeira Filho direção de Carlos Zara

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